Confusão no Velório

Dona Arilda nada disto sabia e com certeza também não todo o
povo reunido no velório do Seu Osvaldo .
Ela durante muitos anos foi empregada de minha sogra e adorava contar estórias enquanto cozinhava.
Bom ouvinte que sou sempre lhe pedia uma novo caso.
O velório corria em sala sem janelas, só um basculante em uma parede arejava o ambiente, na associação de moradores do morro.
Seu Osvaldo era pessoa conhecida , já havia passado dos 65
anos, a vida toda morando no morro ,mantinha duas casas na favela .
Uma logo na subida era da mulher oficial, a outra mais em
cima era da namorada.
As duas se conheciam,
todos também sabiam do arranjo que ele mantinha com a pensão de
aposentado dos Correios.
Pois numa destas subidas para a casa da namorada, após o
almoço em casa e muitas doses de pinga, Seu Osvaldo apagou na rua.
Em dia de muito calor carregaram o velho para a sede da
associação de moradores onde o enfermeiro de plantão deu o diagnóstico , morto.
A notícia correu e de imediato se ajeitou o velório naquela
sexta-feira.
Sujeito popular que era trouxe seu velório muita gente para
vê-lo .
Apareceu alguém com uma garrafa de gim, outro trouxe um
conhaque , e começou-se a “beber “ o
morto.
O velório ficou
animado, pouco faltava para aparecer um cavaco e um tamborim.
Tudo parou porém quando a namorada apareceu .
O perfume que havia colocado em excesso a denunciava com
metros de distância.
Aproximou-se do caixão e lascou um beijo na testa do
falecido enquanto dizia :
- Osvaldo meu amor , não me deixa .....
Dona Arilda acha que foi o perfume a causa pois nesta hora o
morto espirrou e sentou-se no caixão perguntando :
- Gente, o que é isso , o que está acontecendo ?
Dona Arilda não sabe se alguém respondeu pois na correria e
gritaria para sair da sala todos
tentavam passar pela única porta ,as pessoas se empurravam ,cadeiras foram
reviradas, havia gente desmaiando ao ver o morto levantando .
Ela, mesmo gordinha, subiu em uma cadeira , passou pelo
basculante sem saber como e correu muito.
Só parou ao chegar em casa quatro ruas depois.
Perguntei , e o Seu Osvaldo, viveu muito depois disso ?
Respondeu-me que o velho ainda viveu muitos anos mas ela não
quis ir ao segundo velório .
Vai que ele levanta de novo me disse fazendo o sinal da cruz.
Comentários
Abr.