Resposta Certa, Camisa Errada


Revendo o videotape do jogo do fim de semana lembrei deste caso.
Já o contei para várias pessoas, de como uma resposta em uma entrevista pode ajudar.
A estória é de E., funcionário entrevistado e contratado por Lula, o do bem, meu grande amigo, irmão que a vida me fez encontrar.
A vida de E. sempre foi difícil .
Negro, pobre, morador de área em conflito no Rio de Janeiro, tinha tudo para se tornar mais um a engrossar as estatísticas de violência.
Foi abandonado pela mãe em um centro infantil do estado aos dois anos de idade.
Nunca mais a viu.
Estudando em escola , mantida pelo abrigo ,  começou a trabalhar aos 14 anos em uma serralheria. Reconhecendo seu esforço e dedicação o serralheiro ajustou seu horário para que pudesse continuar a estudar .
Assim que completou 18 anos saiu do abrigo estadual  e continuou estudando até concluir o ensino médio .
O serralheiro para quem trabalhava permitiu que ocupasse espaço em cima da loja, teria uma cama para dormir .
E. sonhava em melhorar de vida , resolveu prestar vestibular para uma universidade privada mas, para pagar o curso, precisaria mudar de emprego, buscando melhor remuneração .
O anúncio de recrutamento ,publicado pela grande rede de varejo nos jornais, o atraiu e deu a sorte de seu curriculum ser examinado por Lula .
A rede pedia escolaridade até o 2o grau.
Lula sempre teve preocupação em valorizar aqueles que trabalham duro, seu instinto o ajudou na identificação do caso.
Resolveu chamá-lo para a entrevista para o cargo de assistente de reposição.
Durante a entrevista contou a Lula sua estória de vida e o que precisou lutar para conquistar.
Já certo da sua decisão resolveu Lula também chamar outro colega para validar sua intuição .
Com a aprovação do colega, Lula o chamou novamente para comunicar a aprovação e, brincando, fez o que seria a última pergunta :
- Agora E., para fecharmos sua contratação, qual é o seu time ?
- Luiz, sou obrigado a confessar que sou rubro-negro.
- Está contratado !
Lula, eu e mais amigos sempre íamos juntos aos jogos .
Sempre antes de jogos do Fla no Maracanã paravamos na praça Varnhagen, na Tijuca, para um chopp.
Assim foi até o dia de um Flamengo x Vasco em que vestindo a camisa que tem uma faixa em diagonal , parece um cinto de segurança , encontramos E. atravessando a praça. Não resistimos e chamamos :
- E., tudo bom, vem aqui .
Ele chegou com um sorriso enorme .
- E aí chefias,  tudo bom ?
- E. , que camisa é essa , você não é rubro-negro ?
- Sabe o que é chefia , na nossa última entrevista, perguntei antes a secretária qual era o time do chefe.
Não podia dar a resposta errada .....
E. prosperou na empresa .

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O nome da raça

Ser Pai

Entendendo o universo feminino