O Prato Feito do Seu Estevão .

O caso abaixo é de narração de Valdoir Stramondinolli.
 Conheci Valdoir como associado (funcionário)  da rede de lojas de departamento.Era Valdoir gerente regional , tinha sob sua gestão uma quantidade de lojas , com metas e resultados definidos , a quem os gerentes gerais de lojas se reportavam.Era executivo importante, por sua responsabilidade, e muito  respeitado na empresa por sua forma de agir. .Tínhamos em Valdoir um parceiro importante da área de TI , Valdoir sempre opinava de maneira crítica e respeitosa , sempre visando o melhor resultado.Era um excelente papo , a contar sempre bons casos nos encontros fora da empresa.Por sua estória de vida , o progresso que fez, graças a sua dedicação e trabalho , tem Valdoir nosso respeito e admiração .
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O Prato Feito ( PF )  DO SEU ESTEVÃO.
Chegava da escola e já pegava minha caixa de engraxar e ia para a rodoviária.
Meu almoço dependia de pelo menos dois pares de sapatos engraxados.
Gostava de comer um PF comprado no bar do seu Estevão.
 Seu Estevão era um sujeito avermelhado, cara fechada e sempre fumando. Não era um mau sujeito, mas não gostava da gente.

Talvez em função das caixas de engraxar nas costas e as roupas, que não eram sujas, mas muito velhas.
O PF consistia de arroz, feijão, macarrão e carne moída, tudo junto. Colocado em uma embalagem de alumínio, tinha que equilibrar para não deixar cair, tão quente vinha.
Seu Estevão, não deixava a gente comer dentro de seu bar.
- Prá fora!!!! Prá fora!!! Pegou o PF vai comer lá fora!!!
-Seu Estevão, me arruma mais um garfo (plástico), pois só um não dá. Eles quebram com facilidades!
- Se quebrar, coma com as mãos. Isso custa dinheiro, respondia ele. Vai, vai, vai prá fora!!!!
Confesso que diversas vezes, no meu imaginário de criança, pensei em matar seu Estevão.
Por causa dos garfinhos plásticos, rsrssrs
Comíamos sentados no meio fio da calçada, às vezes por falta do maldito garfo, com as mãos.
As sobras de comida não eram problemas. Sempre havia um vira lata por perto para devorar o que sobrou.
Para limparmos as mãos, íamos ao banheiro do Restaurante do Tio Paco, também na rodoviária. Tio Paco era um espanhol gordo, careca, simpático, afável e nós gostávamos dele.
Muito anos depois -( prá quem conheceu) - a figura do “Vovô Chopão”, personagem da cervejaria Antarctica, me lembrava o Tio Paco.
Sempre nos tratou bem. Ficamos tristes quando soubemos da sua mudança para a cidade de Santos. Quem iria nos ceder o banheiro c om tanta gentileza?
Até hoje, quando vou a algum restaurante self service, sinto vontade de “montar” um PF igual aqueles dos meus tempos de engraxate. Não tenho coragem.
Então volto para casa, levando junto as lembranças do Bar do seu Estevão, do Tio Paco, localizados na Rodoviária da querida e pequena Tupi Paulista.
Um PF, por favor, para matar a minha saudade!

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