Cara de um , prestígio de outro

Não sei se acontece com muita gente mas, vez por outra, me tomam por outra pessoa. Entre as desculpas que ouço sempre aparece o "mas você é a cara dele ...".
Na universidade , UFRJ, achei que tinha de fato encontrado um sósia, o C.
Éramos alunos do mesmo curso e volta e meia nos perguntavam se éramos gêmeos.
Aconteceu mesmo , de uma vez, a namorada de C. acenar repetidamente para mim quando ainda não nos conhecíamos.
Amigos meus me disseram, em outra ocasião,ter passado por mim na rua e queixaram-se de não ter eu retribuído a chamada.
Você estava em um Fiat Branco me disseram.
Um Fiat Branco era o carro de C.
Viajando com minha mulher e filhos ao Nordeste entrei em um passeio guiado em Maceió.
No ônibus ao meu lado sentou-se uma moça, também carioca, que me olhou, olhou, e por fim disse :
- Você não é engenheiro da Petroflex?
A resposta foi fácil, era C.
Outra vez, muito tempo depois, a semelhança com outra pessoa me rendeu um jantar grátis.
Estava em São Paulo e fui jantar com meu amigo e compadre M.
Saí do escritório direto e fui com ele jantar, ainda de terno, em uma casa de carnes famosa na região dos Jardins.
Quando entramos notei que a hostess me olhou como se me conhecesse, e nos encaminhou para uma mesa sem esperarmos.
M. também notou e me perguntou quantas vezes já tinha ido lá jantar pois parecia que todos na casa me conheciam.
Respondi que, acreditasse ele ou não, era no máximo a terceira vez em muitos anos.
A hostess volta e meia aparecia à mesa e nos perguntava se tudo estava bem.
Sim, tudo ótimo, era a resposta padrão.
No final da refeição, café sendo servido, ela voltou agora acompanhada do que me pareceu ser o gerente geral da casa.
Perguntam novamente o que achamos do serviço e novamente elogiamos.
Meio sem graça, o maitre me pediu desculpas e perguntou:
- Por favor, me diga, o Sr não é o jornalista J. ?
Antes que pudesse responder, M. respondeu de bate-pronto:
- Sim é ele mesmo.
Não respondi a olhar para M. para tentar entender o que se passava.
A reação da hostess foi imediata.
- Viu , eu disse que era ele , afastaram-se com a hostess a estampar sorriso no rosto.
Pedimos a conta .
O maitre apareceu e disse que não, a despesa corria por conta da casa.
Esperavam há algum tempo a minha visita após a reforma do restaurante e ,como havia elogiado bastante ,tinham certeza que minha avaliação no jornal seria positiva.
Tentei começar a protestar , a desfazer o engano, mas M. me puxou pelo braço para sairmos.
Na calçada disparou a rir, não sabia que eu era "tão famoso" , agora sempre só sairia para jantar em minha companhia.


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