Verdadeira Autoridade

Nunca gostei da postura daqueles que empregam a frase “Você sabe com quem está falando “ ?

Esperam em uma discussão resolver a situação, não com a predominância de idéias e valores mas, simplesmente, pelo seu pretenso status.

Quase sempre não são de fato poderosos, o poderoso mesmo ,de fato, não precisa se identificar.

Um de meus ex-vizinhos, juiz federal aos 25 anos , foi detido arbitrariamente por equipe da polícia civil que abusou do uso da autoridade, não acreditaram que um rapaz de bermudas em dia de carnaval fosse um juiz , e não o deixaram se identificar.

Resultado todo mundo afastado quando na delegacia ele se identificou.

O falecido coronel Cerqueira , da PM do Rio, uma vez saindo de uma reunião no centro do Rio , em roupas civis , acompanhado de mais três oficiais , também em roupas civis, teve seu carro parado por uma patrulha da PM no Aterro do Flamengo.

O soldado ao se aproximar do carro, não o reconheceu , pediu os documentos e antes mesmo de os verificar disparou :

- Aí hein Negão ? Tirando onda com o carro do patrão ?

Situação pior aconteceu na Tijuca.

O senhor , já de idade , ao sair da garagem de seu prédio deixou o carro morrer, um Opala, logo após pegar a Rua Conde de Bonfim.

Atrapalhou-se e não conseguiu fazer o carro pegar novamente.

Estava nesta situação quando passou um camburão da PM e , de uma das janelas, um dos policiais lhe gritou para tirar a lataria da rua e ir para casa já que era velho.

Não pensou duas vezes, aconselhou o policial a fazer algo.

O camburão parou , de dentro saltaram os bravos ocupantes, e a força enfiaram o senhor na caçamba da patrulha.

Um dos soldados assumiu a direção do Opala e retirou o carro da rua.

A cena foi assistida pelo porteiro do prédio onde o senhor morava que logo avisou sua filha quando esta chegou em casa.

Preocupada procurou a delegacia mais próxima , na rua José Higino .

Não , lá ele não estava disse-lhe o escrivão que a atendeu.

Veja se não o levaram para a delegacia da Praça da Bandeira.

Para lá ela foi e também não o encontrou.

Resolveu ir até o quartel mais próximo, na rua Barão de Mesquita.

Lá chegando avistou o carro do pai estacionado .

Pediu para falar com o oficial de dia , responsável pela guarda.

Depois de muito esperar um cabo veio lhe falar.

- Senhor eu pedi para falar com o oficial de dia , o senhor não é oficial, conheço as divisas de seu uniforme.

- Mas o que a Sra deseja ?

- Aquele carro estacionado é do meu pai , ele está aqui ?

- Ah, a Sra é filha daquele senhor, ele está detido aqui sim, está muito nervoso. Vamos leva-lo para a delegacia para identificação e registro da ocorrência .

- Como ? Vocês o detiveram há mais de 2 horas , não o identificaram , é um senhor de idade, não o respeitaram na rua pois assim me disse quem assistiu ao que ocorreu, e ainda o mantêm detido ?

Por favor chame o oficial de dia.

- Quem é a Sra ?

- Por favor chame o oficial de dia.

Mais um período de espera e finalmente um tenente apareceu.

O diálogo se repetiu, o tenente negou a liberação do senhor.

Pois se é assim , se o senhor não quer resolver , vou achar quem vai resolver , disse-lhe a senhora.

Mas quem é a senhora, perguntou o tenente enquanto esta se afastava e sacava um celular.

Quinze minutos depois um caminhão com soldados da PE, comandados por um major, toma o quartel da PM , dá voz de prisão a todos e vai liberar o velho senhor.

Ato contínuo o major ordenou que todos entrassem em forma e desfilassem prestando continência ao velho senhor .

O velho senhor era um general de exército , na reserva , que a tudo assistiu com indisfarçável sorriso .

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