A pescaria e o jacaré


Estávamos na fazenda de meu tio, irmão de minha mãe, próxima a Conceição de Macabu, norte do estado do Rio de Janeiro.
Era um meus locais favoritos para férias.
A fazenda cortada por um rio, tinha praia de areia branca, cachoeiras e muito peixe.
Acordava cedo e ia junto com o capataz, Antônio, um caboclo conversador, buscar o gado para a ordenha.
Após a ordenha levava o rebanho para um dos pastos, sempre mantendo Antônio o rodízio.
Pois numa destas manhãs Antônio me disse que logo após a segunda cachoeira, em trecho do rio onde as margens eram altas em relação ao leito, era fácil encontrar traíras.
Quase sempre em cardumes era fácil do alto das margens avistar 5, 6 peixes de bom tamanho nadando juntos.
O rio da fazenda tinha água transparente.
Lembrei na hora que meu cunhado Celmo sempre trazia uma tarrafa pequena na mala do carro.
Com a tarrafa seria fácil pegar os peixes.
Antônio concordou na hora em nos mostrar o local e acertamos a pescaria para a parte da tarde.
Pois lá fomos eu ,Celmo com minha sobrinha nos ombros, Antônio e meu irmão Cláudio.
Chegando no trecho do Rio Antônio ficou na margem direita, lá em cima, quase 2 metros mais alto , enquanto eu com a tarrafa ia pelo meio do rio, meu irmão de um lado e meu cunhado com Vivian na garupa no outro.
Este trecho do rio tinha sido verdadeiramente escavado pela água, com barrancos dos dois lados cobertos de vegetação.
Havíamos andado quase uns 30 metros quando Antônio do alto avisou que tinha visto um cardume de traíras mais a frente uns cinco metros, descendo o rio.
Apertamos o passo quando de repente um bicho enorme saiu do meio do barranco, botando Celmo com Vivian para correr principalmente quando Antônio gritou:
- Corre gente, é um jacaré !
Já havia visto muita coisa naquele rio, mas mesmo achando estranho um jacaré ser gordo e marrom disparei a correr no sentido contrário ao que vinha descendo.
Meu irmão fez o mesmo .
No meio da confusão Celmo não sabia mais se corria ou se tentava colocar Vivian no alto da margem em segurança.
Ainda correndo olhei para trás e vi que o jacaré era na verdade uma enorme capivara que desceu e atravessou o rio em trecho onde havia uma falha no barranco.
Parei de correr e comecei a rir desabando no rio.
Meu irmão desapareceu, só o vimos de novo em casa.
Celmo me viu rindo, olhou na mesma direção, viu a capivara escapando e começou a xingar Antônio em razão do susto.
Vivian estava em prantos assustada .
Antônio voltou e rimos muito da situação ridícula de nosso medo de uma capivara.
Depois de nos acalmar voltamos a descer o rio, desta vez eu levei Vivian .
Celmo com um arremesso perfeito da tarrafa pegou 4 traíras.
Foram o prato do jantar naquela noite.






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