Praticando Medicina

Algumas pessoas que comigo já trabalharam mais de uma vez me disseram que ainda vou ser preso por exercício ilegal de medicina.
Não faço de propósito mas, quando em conversa, alguém começa a falar de sintomas, de dores em alguma parte do corpo, etc não resisto a dar o pitaco.
Faço-o também com a recomendação de que deve a pessoa procurar um médico.
O engraçado da estória é que vejo o acerto do diagnóstico com o retorno da pessoa após voltar do médico.
A razão é simples.
Tenho boa memória, leio bastante, aprendo com o processo de diagnóstico de médicos amigos ao lhes perguntar quais as variáveis que consideraram na análise.
Mas não sou médico, por isso aconselho a visita a um profissional de saúde.
Uma vez, em uma empresa de varejo, uma colega queixava-se de dor em uma região da perna. Segundo ela uma das veias parecia saltada, dura em um ponto, com mancha vermelha forte.
Já havia visto meu pai fazer diagnóstico em situação parecida e então disse a moça:
- Procure um médico, isto deve ser flebite. O inchaço indica a presença de um trombo no local. Alguns casos requerem cirurgia .
Ainda novo na empresa, ela me olhou com cara de espanto, mas seguiu meu conselho.
No dia seguinte me procurou me agradecendo. Havia eu acertado.
Perguntou-me se havia estudado Medicina .
Disse-lhe que não mas Fernando, outro colega, piscou o olho para ela "confirmando " que eu não havia estudado medicina.
A estória se espalhou e de vez em quando alguém me procurava para falar de dor muscular, um pequeno corte nas mãos, azia, gripe, e por aí ia.
Descobri depois que Fernando, de palhaçada , havia dito que eu havia largado a medicina por conta de uma desilusão com o sistema de saúde no país.
Custou muito desmentir esta estória, as pessoas quando se aferram a algo, no caso meus "acertos " confirmavam a mentira , não querem desistir do que pensam ser verdade.
Definitiva para mim foi a reação de meu pai quando em Bela Vista também acertei um diagnóstico.
Meu pai mantinha o consultório na parte da frente da casa.
Quando estávamos lá quase sempre ia ele para os fundos, para conversar com os filhos embaixo da mangueira .
As pessoas entravam no consultório e, não o encontrando, iam direto para os fundos.
Estávamos assim conversando quando uma senhora apareceu no quintal e, sem cerimônia, levantando os dois braços disse a meu pai:
- Doutor, olha só isso !
A região abaixo das duas axilas estava muito vermelha, irritada.
Sem esperar a resposta de meu pai disse na hora :
- A Senhora trocou de desodorante, não foi ?
Com olhar espantando respondeu :
- É verdade, comecei a usar um com perfume novo hoje, como você sabe ?
A reação alérgica era visível.
Meu pai cortou minha "consulta ".
- Fica quieto guri, o médico aqui sou eu !



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